sábado, 10 de agosto de 2013

Coletivo Alternativa Autogestionária repudia as ameaças a Latuff

Ameaças ao cartunista Latuff demonstram a necessidade do controle social da polícia

A chacina da família Pesseghini em São Paulo, atribuída inicialmente ao filho do casal, um menino de treze anos, vem levantando muitas controvérsias. Na versão mais recente liberada pela imprensa as evidências apontam a possibilidade de que colegas de farda tenham realizado a execução.
A declaração do cartunista Carlos Latuff, horas depois das primeiras notícias, de que o menino acusado precisava de atendimento psicológico e merecia uma medalha pelo feito gerou polêmica e nas redes sociais diversas pessoas, entre elas membros de diferentes órgãos policiais, promoveram uma série de perseguições, ameaças de morte e incitaram outros colegas a fazer o mesmo. 
Latuff tem seu trabalho reconhecido internacionalmente, em suas charges destacam-se temas como a causa palestina, as lutas pela emancipação popular e contra a repressão estatal, esta última, principalmente, tornaram-se denúncias às ações truculentas da polícia. 
Diante das manifestações de maio a polícia expandiu a atuação de seu aparato repressor numa crescente onda de violência policial, prisões arbitrárias, infiltrações de policiais nas manifestações para cometer atos criminosos e outras ações de cunho ilegal. Na verdade, não era a atuação policial que havia mudado, mas agora se podia ver em todas as ruas aquilo que já acorria a muito tempo nos territórios mais pobres. O desaparecimento do servente de pedreiro Amarildo, (assim como tantos outros Amarildos que somem todos os dias pelo país), e o coquetel molotov lançado por um policial à paisana, no Rio de Janeiro, que tentava culpar os manifestantes pela violência nas marchas, demonstram que a polícia vem tomando atitudes que estão fora da lei e para além de qualquer controle social existente, e, portanto, legitimam toda e qualquer crítica que possa ser feita á polícia. 
Nós do Coletivo Alternativa Autogestionária nos solidarizamos com o cartunista Carlos Latuff, repudiamos as ameaças promovidas e qualquer atitude que tenha por objetivo semear o medo e dificultar o trabalho de quem se posiciona de forma independente da mídia do grande capital e do Estado. 
Defendemos ainda que as ações de segurança da comunidade devem ser controladas pela sociedade e que hoje, embora seja importante, apenas a desmilitarização da polícia não serve amplamente para coibir os abusos que vem ocorrendo, é necessária que haja uma maior regulação popular da atuação da dos setores de seguração pública.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Educar-lutar


EDUCAR-LUTAR 
A história não espera. Não tem pena de quem tem necessidades e lutas a vencer, segue em frente com sua realidade por demais concreta para ser ignorada. Mas parece que algumas pessoas não andam no ritmo dos acontecimentos, não olham para além da burocracia imposta, não percebem que o instante histórico requer cautela e análise antes de assumir o discurso institucional, pois vivemos um momento produtivo e que segue em uma longa caminhada até uma mudança maior de nossa sociedade.
A construção da democracia plena não se faz a partir do topo da pirâmide, requer sim um fortalecimento da base para que seja realmente representativa das demandas populares.
Enquanto estudantes sonhamos com a efetivação de nossa formação, queremos trabalhar na profissão que escolhemos, enquanto trabalhadores encontramos a dura realidade do cotidiano da exploração e da alienação e desejamos encerrar nossa caminhada em uma aposentadoria no mínimo digna e algum reconhecimento no bolso, o capitalismo impõem uma vida insensível ao nosso trabalho, muitas vezes colocando umas categorias de trabalhadores contra as outras, beneficiando umas em detrimento das outras, reforçando a lógica do distanciamento e valorização diferenciada entre o trabalho intelectual e braçal, entre outras táticas. 
O que os trabalhadores, estejam eles no estágio que estiverem de maior ou menor efetivação de sua condição profissional, não percebem é que todos estão sob o poder coercitivo e metabólico de um mesmo sistema que manobra e suprime nossas reais necessidades a cada passada: o capitalismo. Na Universidade, esses micro poderes, ficam bem visíveis em uma espécie de jogo de vaidades onde a importância do estudante é muitas vezes esquecida, principalmente, quanto a sua necessidade de ocupar espaços para além das salas de aula, laboratórios, vagas nos estacionamentos e quartos nas Casas dos Estudantes.
Essa negação a ampliação de espaços aos estudantes se dá também nas lutas históricas pela paridade nas eleições, nas discussões de reformas curriculares, etc. 
Qual espaço ocupamos afinal? Qual a real de importância de um estudante dentro de uma instituição educacional como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul?
Parece ironia questionar a importância dos educandos em um instituição educacional, mas a história e o momento que o movimento estudantil vem vivendo dá sentido a essas considerações. A Ocupação FACED surge como um fortalecimento da voz do estudante dentro da Universidade, e como ex-estudante da FACED e ex-gestão DAFE-Portas Abertas em 2003, junto aos camaradas do Coletivo Alternativa Autogestionária, trago meu apoio a todos que fazem parte da Ocupação.
O espaço da Ocupação, faz parte do prédio da Faculdade de Educação, onde antes funcionava um Café, portanto, este é um espaço pertencente a uma instituição pública, mas que estava sendo usado para um fim privado. Não é de recente o uso deste espaço por empresas privadas de alimentação, reforçando a relação público-privadas dentro das Universidades públicas brasileiras, onde a despeito de mal uso dos espaços públicos, sucateamento e redução de espaços de convívio público e gratuitos, os gestores da universidade vem efetivando acordos, cedências, licitações que prejudicam o caráter público da Universidade. 
O espaço destinado ao Diretório da Faculdade de Educação - DAFE é o símbolo da importância dada ao estudante deste curso. No início de 2003, na Gestão UFRGS Portas Abertas, a então direção, “fechou” duas portas da sala do DAFE, que possibilitavam a comunicação dos estudantes, convivência e festas, sem passar pela porta principal do prédio, fechando também as duas únicas outras saídas existentes do prédio. A alegação foi de que as portas deixavam o prédio inseguro. Inseguro? Após o fechamento o prédio ficou com apenas uma saída e mesmo questionando a posição da direção da Faculdade quando a segurança em caso de emergências a então gestão do diretório não foi ouvida.
Nas gestões seguintes as pressões pela redução do espaço só aumentaram, primeiro com um projeto de banheiro de funcionários dentro do espaço do Diretório, depois com uma cozinha. Movimentos que demonstram a preocupação dos gestores em apoiar a militância estudantil. 
A luta por espaços realmente públicos dentro da UFRGS não é mero territorialismo, mas a busca pela manutenção e afirmação da coisa pública, é a garantia da educação pública em todos os seus âmbitos, do ensino formal a convivência, mas principalmente, o fortalecimento à luta contra os avanços do setor privado sobre o público.
Hoje a Ocupação FACED, legítima em sua práxis, legítima em sua luta, dá força para as ações políticas do movimento estudantil, trabalhista, popular em geral, assim como faz a Ocupação da Câmara de Porto Alegre. Deixo, portanto, nosso apoio à Ocupação FACED e nossa convocação para que tod@s ajudem com algum mantimento ou artigo de higiene para que ela siga firme até ser ouvida naquilo que revindica.

Fabiana Mathias - 
Professora da rede municipal de ensino, ex-estudante de Pedagogia UFRGS, ex-integrante da gestão DAFE-Portas Abertas-2003/UFRGS
Atual militante do Coletivo Alternativa Autogestionária

domingo, 7 de julho de 2013

Os dilemas das mobilizações brasileiras


 No mês de junho, o Brasil se transformou no palco mais recente das mobilizações mundiais. Milhares de pessoas saem às ruas para manifestar o seu descontentamento. O movimento começa pelas principais cidades e se espalha por todas as capitais. Atualmente, até pequenas cidades do interior tem sediado diversas manifestações. Muitos afirmam que o “gigante acordou” Mas quem é esse gigante e o que ele quer?

O pioneirismo porto-alegrense

O primeiro que devemos perguntar é de onde surgem estas manifestações. A mídia burguesa e alguns partidos políticos tentam afirmar que esta vem do espontaneísmo das ruas. Esta é apenas parte da verdade. O que falta afirmar é que estas mobilizações são decorrentes de outras que vinham gestando este movimento.
As eleições municipais de 2012 foram marcadas pelo esvaziamento de projetos de cidade. A maioria dos partidos assumiram o discurso do bom gestor despolitizando a eleição. Em paralelo a isso, os problemas da cidade começam a ser discutidos por outros atores organizados. Entre eles devemos citar o movimento “Massa Crítica” que questiona o espaço dos carros na cidade e exige a construção de ciclovias; o movimento contra a remoção dos moradores em áreas de obras da Copa do Mundo (que em 2014 será no Brasil) e o movimento “Defesa Pública da Alegria” que luta contra a privatização de espaços públicos (praças, largos e outros pontos da cidade que estão sob controle de empresas privadas).
Passada a eleição, a prefeitura de Porto Alegre atende uma nova solicitação de aumento das passagens de ônibus. Junto a isto, o prefeito José Fortunati e seu vice decidem cortar várias árvores de um passeio público para a ampliação de uma avenida. Esta obra faz parte das chamadas “obras da Copa”. Iniciou-se então um movimento contra o aumento da tarifa de ônibus. O movimento de crítica a esta política começou tímido, com pequenas manifestações, foi tomando corpo através das redes sociais até chegar a contar com mais de dez mil pessoas. A vitória veio com a decisão da justiça de suprimir o aumento.
O resultado de Porto Alegre se espalhou pelas principais capitais do Brasil. Em São Paulo e Rio de Janeiro foram organizados vários protestos contra o aumento da passagem de ônibus que obrigaram os governos a recuar e, em alguns casos, até a diminuir o valor da tarifa cobrada.
À medida que esta primeira reivindicação começava a ser atendida, as manifestações começaram a receber novas pautas de reivindicação. Algumas inclusive muito amplas como saúde e educação. A pauta que era direcionada aos governos locais começa a tomar outra dimensão e questionar governadores e a presidente do país.
A disputa dos conservadores
No início das manifestações, a reação da mídia capitaneada pela Rede Globo foi a de desmoralizar as manifestações. Quando estas se tornaram massivas e a mídia já não podia negar o seu apelo popular, houve uma mudança na linha editorial das tevês e jornais. Os mesmos começaram a defender as manifestações e criticar as ações mais duras da polícia. Assim começou a tentativa de levar aos manifestantes pautas mais conservadoras, entre elas se destacam a diminuição de impostos e o fim da corrupção. A primeira, sem qualquer conteúdo de classe é uma bandeira dos empresários, a segunda, esconde o verdadeiro motor da corrupção que é o próprio capitalismo.
Esta onda conservadora teve uma repercussão imediata nas manifestações. Estas foram tomadas por bandeiras verde-amarelas, cantava-se o hino nacional. Os mesmos manifestantes que exigiam uma manifestação sem violência hostilizavam os manifestantes que levavam bandeiras de partidos, movimentos ou centrais sindicais. Houve até uma infiltração de grupos de extrema-direita que identificavam e perseguiam os militantes de esquerda.
O surgimento desta violência direcionada à esquerda levou os militantes de diferentes organizações a perceber que estávamos num momento delicado. Se por um lado as manifestações de rua estavam provando que tinha se quebrado o encanto de dez anos de governo do PT, também demonstravam que a direita estava organizada e podia levar para si os créditos das mobilizações populares.
Criou-se nas últimas semanas uma política do medo, principalmente disseminada via redes sociais, em que se afirmava que o movimento das ruas havia sido tomado por fascistas, nazistas e militantes de direita, em geral, para depor o governo PT, da presidente Dilma. Falava-se tanto de um Golpe da Direita, quando de um Golpe Militar. Havia na internet páginas que “indicavam” isso, desde a do próprio Partido Militar Brasileiro, em que aparecia um candidato a presidência e pesquisa sobre possíveis candidatos, até a postura da mídia diante das manifestações, principalmente, da Rede Globo de Televisão, que interrompeu sua programação para dar sua versão sobre o que estava acontecendo no país. Quem lia as postagens acreditava que a esquerda havia sido escorraçada pelo movimento da direita que crescia nas ruas.
A crise do capitalismo vem nos acompanhando por muitos anos e os países aonde antes parecia não haver impacto, como diziam seus governantes, já sentem a extensão do problema, e certamente o impacto tem sido, como sempre, com maior intensidade nas camadas mais pobres da sociedade. Sim, o Brasil também sente a crise do capitalismo embora muitos jornais internacionais, antes destas manifestações faziam crer que aqui estava tudo muito bem política e economicamente e tenham recebido com surpresa as manifestações de insatisfação da população. Compreende-se então, diante deste quadro, por que é tão grande a aprovação e adesão da população às manifestações.
A polícia brasileira, que a muito serve para manter os conservadores na disputa, parece estar sofrendo cada vez mais de uma espécie de Síndrome de Estocolmo, aquela em que um vítima pode desenvolver emocionalmente, após um sequestro, assalto, violência qualquer, uma espécie de identificação com seu algoz, defendendo este a qualquer preço. No caso da polícia brasileira nos parece que esta Síndrome vem se desenvolvendo em larga escala, pois sendo entre a categorias de trabalhadores ela uma das mais exploradas no país mesmo assim esta permanece firme em defesa do governo e dos interesses dos grandes empresários. Em Porto Alegre, na marcha de 20 de junho, o que se viu foi o oprimido defendendo um dos aparelhos de manutenção da sua opressão. Dezenas de policiais militares foram deslocadas para proteger específicamente o prédio da RBS de manifestantes que nem tiveram muitas chances de se aproximar para gritar palavras de ordem. Para quem não sabe o que é RBS, não é um órgão do poder público, mas um Grupo de Telecomunicações, criado em 1957, afiliado da Globo, que possui o um grande número de veículos de comunicação conservadores de ampla circulação no sul do país: desde o jornal Zero Hora, Diário Gaúcho, até televisão local como TV Com, rádios como Rádio Rural, Atlântida, Itapema, entre muitas outras, formando quase um monopólio da informação.
Entretanto, a realidade está muito além do que as mídias tentam fazer a população crer e a história das mobilizações no Brasil tem se construído a cada dia de modo inesperado.

A recomposição da esquerda

Este cenário fez com que diversas organizações de esquerda como os anarquistas, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e muitos outros junto com movimentos sociais fizessem um acordo nacional para atuar nas ruas de forma unificada, levando às suas bandeiras e palavras de ordem. No dia 24 de junho a esquerda conseguiu disputar as manifestações para o campo popular.
No dia 24 de junho, o que se viu via redes sociais, não foi mencionado pelas mídias televisivas que focaram suas atenções nos roubos pela cidade. Neste dia ocorreu uma quebra no discurso de quem o movimento era apartidário, anti-partidário, contra movimentos sociais, uma vasta organização da esquerda, que se uniu por seu direito a manifestar-se e propor um eixo de lutas que realmente podem modificar a situação do país levou um número imenso de pessoas paras ruas. Várias pessoas estavam com bandeiras, faixas e cartazes representando suas organizações políticas.
Pela mídia vemos um quadro simplificado do que realmente está acontecendo no Brasil, de um lado dizem eles existem aqueles que são os verdadeiros manifestantes, que gritam por paz e levam flores aos policiais, do outro, os “vândalos” aqueles que quebram prédios do Poder Público, que querem mais que gritar contra corrupção, que é uma pauta óbvia, que picham frases de ordem, se defendem dos desmandos da polícia, mas também contra-atacam. No meio disso tudo, em muitas cidades vem acontecendo saques e depredações. E como a mídia lê os saques? Na verdade não lhes interessa fazer uma leitura disso, pois os saques são um reflexo das imposições do capitalismo, são resultado do fetiche da mercadoria. Em cada foto tirada, em cada vídeo, as pessoas que investiam contra lojas ou bancos, queriam destruir aqueles símbolos da exploração, conscientes ou inconscientes do que faziam, mostravam ódio, ansiedade, angústia, necessidade. Haviam sim ladrões e isso pode ocasionar uma análise apressada se não formos mais atentos, porém as ações de roubo e fúria tem uma leitura mais ampla que esta. Os roubos foram de objetos que não eram essenciais a vida: televisores, eletrodomésticos, chocolates, peças de carros, chicletes, revistas, livros...Eles queriam consumir. Como podemos ler isso senão os marginalizados querendo tomar aquilo que lhes é negado em cada dia de trabalho alienado ou desemprego? Como podemos ler isso?
Essa manobra de criar um simples dualismo, busca criminalizar a tudo e a todos que se opuserem ao Estado ou a ordem do capitalismo. No dia 21 de junho, por exemplo, a Federação Anarquista Gaúcha denunciou que uma sede do Movimento Anarquista, o Ateneu Libertário, foi invadida por policiais sem nenhuma ordem judicial. Onde está o direito a livre expressão política? Que país democrático é este? A democracia no Brasil é uma mentira que agora fica mais clara que nunca.
A união da esquerda, a ampliação das manifestações pelo Brasil, o surgimento de mobilizações nas periferias a despeito da opressão policial ser mais violenta lá do que nas zonas centrais das cidades (no Complexo da Maré, Rio de Janeiro, foram 9 morto, depois da manifestação quando o BOPE, entrou lá no dia 24 de junho), a consolidação de uma pauta que busca os direitos reais da população, a atenção dos governos que vem retomando textos normativos que eram importantes para a garantia de direitos, após perceberem a dimensão das manifestações, constituem um ótimo ritmo de caminhada para um destino ainda por se construir em cada luta, em cada ocupação de espaços, em cada articulação.
As manifestações são necessárias e não acabarão diante da redução de uma tarifa, ou de um direito qualquer afirmado, é necessário que dêem mais resultados e acorde as pessoas contra a exploração, a opressão, e principalmente, contra o principal culpado pela situação social, política e econômica do país e do mundo: o capitalismo.

Coletivo Alternativa Autogestionária/Brasil/RS

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Nova Geração de Anarquistas Gregos Está Sendo Torturada Pela Polícia

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Imagens de antes e depois de Nikolaos Romanos, de 20 anos, divulgadas pela polícia grega para a mídia.
Há cerca de uma semana, um grupo de oito pessoas armadas com AK-47s tentou roubar um banco e uma agência dos correios na cidade de Velventos, na Grécia. Depois de serem perseguidos no caminho da província de Macedônia, no norte do país, e de terem sequestrado um médico de 27 anos no caminho, quatro deles por fim se viram encurralados pela polícia numa rua estreita na cidade de Veroia. Foi então que Nikolaos Romanos, 20 anos, Andreas-Dimitris Bourzoukos, 24, Yiannis Michailidis, 25, e Dimitris Politis, 24, se entregaram.
Num par de declarações que eles divulgaram da prisão, os anarquistas esclareceram que seus motivos não eram pessoais, mas que consideram roubos a banco parte de sua luta contra o Estado. Também é importante observar que, enquanto estavam sendo perseguidos, eles não usaram as armas nem feriram o refém. O que não os transforma em santos, claro – eles são anarquistas que roubaram um banco usando AK-47s –, mas a polícia acabou submetendo esses jovens a tamanha tortura, que agora ONGs como a Anistia e alguns setores da mídia grega estão inclinados a mostrá-los como vítimas de um jogo sujo.
Além disso, as fotos dos anarquistas liberadas pela polícia grega para a imprensa foram passadas pelo Photoshop de maneira bem tosca, numa tentativa precipitada de ocultar as contusões e machucados evidentes que eles traziam no rosto.
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Dimitris Politis.
A polícia tentou se esquivar da fúria direcionada a ela alegando que os anarquistas foram feridos depois de terem resistido violentamente à prisão. Eles também dizem que um policial foi atingido na tal rua estreita de Veroia – duas alegações que são contrariadas por diversos depoimentos sobre a rendição pacífica dos quatro ladrões (neste ponto, talvez valha a pena conferir também o depoimento do médico feito refém que, de acordo com a última declaração dos anarquistas encarcerados, também foi espancado pela polícia por engano no momento da detenção).
As autoridades gregas já foram acusadas anteriormente de tratar presos políticos não fascistas de maneira injusta e de ter dois pesos e duas medidas. Quando se trata de imigrantesmanifestantes ou trabalhadores em greve, o desrespeito do estado pelos direitos humanos é assombroso. Enquanto isso, quando bandidos fascistas matam imigrantes nas ruas, integrantes do partido neonazista Aurora Dourada conseguem proteção. Nenhuma foto humilhante deles sob custódia da polícia e com olhar arrependido foi liberada para servir de alerta tácito a outros fascistas, e seus julgamentos parecem ser realizados de maneira justa, pelo menos vistos de fora.

A parte da história que mais chocou o público grego foi o perfil social dos quatro anarquistas: todos eles têm, no máximo, 25 anos de idade, vêm de famílias da classe média alta e estudaram nas melhores escolas particulares do país. Mas outra coisa que têm em comum é o fato de terem partido para a radicalização depois das manifestações de 2008, que ocorreram depois da morte de Alexandros Grigoropoulos, um adolescente de 15 anos de idade, causada por um policial em Exarcheia. O mais jovem dos anarquistas – Nikolaos Romanos, de 20 anos – era amigo próximo de Grigoropoulos e presenciou seu assassinato.
Para a maioria conservadora da Grécia, os quatro jovens são o rosto de uma nova geração de terroristas, em sucessão aos grupos marginais de guerrilha esquerdista que lutaram contra a ditadura militar em 1974. Em 2002, o principal desses grupos, a Organização Revolucionária 17 de Novembro, responsável pelo assassinato de 23 pessoas em 103 ataques realizados de 1975 até 1998, foi capturado e tratado pelas autoridades competentes, e o fenômeno foi significativamente reduzido.
Do ponto de vista de um anarquista, esses jovens são revolucionários, partidários de uma tradição europeia de longa data que defende a liberdade e as leis humanitárias. Com boa parte da população grega vivendo na pobreza e o governo atuando de acordo com uma agenda de extrema direita, a causa deles adquire uma natureza romântica para alguns.
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Andreas-Dimitris Bourzoukos.
As manifestações de dezembro de 2008 e a tensão subsequente levaram ao ressurgimento de certo tipo de guerrilha urbana progressiva, que bebe na fonte dos anarquistas dos anos 1970 e 1980, mas que é, simultaneamente, produto de seu próprio tempo. Enquanto os anarquistas europeus de meados até fins do século XX operavam em total sigilo tendo alvos específicos, esta nova onda de guerrilha opera em redes nacionais, se vale de métodos variados e não tem como alvo unicamente os políticos – na maioria das vezes, os ataques são direcionados a propriedades e não a pessoas (vide a profusão de bombardeios a bancos e delegacias).
Um traço típico entre esses grupos é a Conspiração de Núcleos de Fogo. Até então, mais de 30 jovens foram acusados de filiação à organização, sendo levados à prisão dentro das leis antiterrorismo da Grécia. A polícia acredita que dois dos quatro jovens detidos em Velventos fazem parte desse grupo, que tem raízes ideológicas nas teorias do século XIX de Sergey Nyechayev, baseadas em niilismo e anarco-individualismo, e cujas células são responsáveis por mais de 200 ataques terroristas desde 2008.
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Yiannis Michailidis.
Três pais dos supostos integrantes desses núcleos que foram presos em Velventos, conversaram comigo sob condição de anonimato, numa entrevista realizada junto com o Ef.Syn, um jornal nacional grego recém-formado e mantido no modelo de cooperativa. Nosso encontro aconteceu num café na Praça Syntagma, logo ao lado do prédio do parlamento.
VICE: O que vocês pensam sobre as acusações feitas contra seus filhos?
Pai anônimo n° 1: Eles seguiram suas ideias de maneira consistente, passaram das palavras à ação contra o sistema. Apesar da dor que estamos sentindo, estamos do lado deles.
Pai anônimo n° 2: Passamos a entender e absolver o que eles fizeram, junto com as ideias deles, como sendo uma maneira moral de se posicionar contra um sistema corrupto e podre. Isso é algo que estamos tentando mudar, mas de um jeito diferente – votando, por exemplo.
Se não conseguimos mudar as coisas da maneira tradicional, você acha que o método de seus filhos é efetivo?
Pai anônimo n° 1: Nós também tentamos entender que eles apenas exerceram o que chamam de “resistência prática” – eles são anarquistas de ação. Eles são chamados de terroristas, mas se veem como defensores da liberdade.
Pai anônimo n° 3: Eles sentiram o que significa a violência do Estado e perderam a fé no sistema judiciário oferecido pelo Estado.
E quanto ao uso de armas?
Pai anônimo n° 1: Eles nunca usaram as armas para nada além de ameaçar seus inimigos. Mesmo durante o último roubo, eles se certificaram que ninguém saísse ferido.
Pai anônimo n° 2: Muita coisa foi dita sobre a situação social deles – que são filhos de famílias de classe média. Quem sofre privações, luta pela justiça; quem não passa por isso, luta pela liberdade. Nossos filhos foram criados com princípios de demonstrar solidariedade a partes mais enfraquecidas da sociedade.
Nesse contexto, todo ato de violência passa a ser simbólico de alguma maneira?
Pai anônimo n° 2: Digamos que seja um discurso inflamado, mais impetuoso. Toda ação é seguida de uma proclamação. Mesmo quando eles se envolveram em algo extremo, como bombardear um banco, sempre avisaram as pessoas para que se afastassem. A polícia sempre reagiu tardiamente.
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Para ser justo, os jovens anarquistas gregos vêm alertando a polícia que isso aconteceria já há algum tempo – como quando assumiram responsabilidade pelo bombardeio à casa de Mimis Androulakis, membro do parlamento filiado ao PASOK e defensor da tradicional esquerda grega, em 2009:
“Tudo começou há alguns anos, mas o auge foi durante os acontecimentos de dezembro de 2008. Jovens de pouca idade – alguns ainda no colegial – sem uma organização clara e sem um projeto político formal, eram desrespeitosos e violentos por causa da violência que enxergavam na hipocrisia e na solidão; pessoas que querem tudo e querem agora, pessoas que dizem que não existe futuro e que encaram com desprezo todo tipo de doutrina, pessoas contraditórias, mas que, apesar disso, fizeram algo com essas contradições... Bombas em protestos, cartilhas distribuídas nas ruas, incêndios durante a noite...”
Um dos motivos alegados pela polícia grega para ter usado Photoshop nos ferimentos dos jovens anarquistas foi que queriam que o público grego se lembrasse de seus rostos. Mas parece pouco provável que a Grécia vá se esquecer deles tão rápido assim.
Siga o Matthaios no Twitter: @tsimitakis
Fonte: http://www.vice.com/pt_br/read/a-nova-geracao-de-anarquistas-gregos-esta-sendo-torturada-pela-policia

YOANI RELOADED

Primeiro de tudo: foi um erro dos manifestantes baianos impedir a exibição do documentário, ou seja lá o que for aquilo, do tal cineasta de Jequié, Dado Galvão, em Feira de Santana. Não que eu ache que dessa película poderia vir alguma coisa que preste, mas porque praticar sua arte – seja genial, banal ou medíocre – é um direito inalienável de qualquer cidadão brasileiro.

Ao impedir o documentário, os manifestantes estão ajudando a consolidar a tese adotada pela mídia de que os que são contra a blogueira Yoani Sánchez são, apenas, a favor da ditadura cubana. Fortalece, pois, esse reducionismo barato ao qual a direita latinoamericana sempre lança mão para discutir as circunstâncias de Cuba.

Minha crítica aos manifestantes, contudo, se encerra por aqui.

De minha parte, acho ótimo que tenha gente disposta a se manifestar contra Yoani Sánchez, uma oportunista que transformou dissidência em marketing pessoal. Não vi ainda nenhuma matéria que informe ao distinto público quem está pagando a turnê de Yoani por 12 (!) países – passagens aéreas, hospedagens, traslados, alimentação, lazer, banda larga e direito a dois acompanhantes, o marido e o filho.

Nem a Folha de S.Paulo, que até em batizado de boneca do PT pergunta quem pagou o vestido da Barbie, parece interessada nesse assunto. E eu desconfio por quê.

Yoani Sánchez é a mais nova porta-bandeira da liberdade de expressão em nome das grandes corporações de mídia e do capital rentista internacional. É a direita com cara de santa, candidata a mártir da intolerância dos defensores da cruel ditadura cubana, a pobre coitada que tentou, vejam vocês, 20 vezes sair de Cuba para ganhar o mundo, mas só agora, que a lei de migração foi reformada na ilha, pode viver esse sonho dourado. Mas continuo intrigado. Quem está pagando?

A mídia brasileira, horrorizada com as manifestações antidemocráticas em Pernambuco e na Bahia, não gosta de lembrar que a atormentada blogueira morou na Suíça, apesar de ter tentado sair de Cuba vinte vezes, nos últimos cinco anos. Vinte vezes!

Façamos as contas: Yoani pediu para sair de Cuba, portanto, quatro vezes por ano, de 2006 para cá. Uma vez a cada três meses. Mas, antes, conseguiu ir MORAR na Suíça. Essa ditadura cubana é muito louca mesmo.

Mas, por que então a blogueira dissidente e perseguida abandonou a civilizada terra dos chocolates finos e paisagens lúdicas de vaquinhas malhadas pastando em colinas verdejantes? Fácil: nos Alpes suíços, Yoani Sánchez poderia blogar a vontade, denunciar a polícia secreta dos Castros e contar ao mundo como é difícil comprar papel higiênico de qualidade em Havana – mas de nada serviria a seus financiadores na mídia, seja a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que lhe paga uma mesada, ou o Instituto Millenium, no Brasil, que a tem como “especialista”.

Então, é preciso fazer Yoani Sánchez andar pelo mundo. Fazê-la a frágil peregrina da liberdade de expressão, curiosamente, financiada pelos oligopólios de mídia que representam, sobretudo na América Latina, a interdição das opiniões, quando não a manipulação grosseira, antidemocrática e criminosa da atividade jornalística, em todos os aspectos.

É preciso vendê-la como produto “pró-Cuba”, nem de direita, nem de esquerda – aliás, velha lenga-lenga mais que manjada de direitistas envergonhados. Pena Yoani ter se atrasado nessa missa: Gilberto Kassab, com o PSD, e Marina Silva, com a Rede (Globo?), já se apropriaram, por aqui, dessa fantasia não-tem-direita-nem-esquerda-depois-da-queda-do-muro-de-Berlim.

No mais, se a antenada blogueira cubana tivesse ao menos feito um Google antes de embarcar para o Brasil, iria descobrir:

1) Dado Galvão, apesar de “colunista convidado” do Instituto Millenium, não é ninguém. Ela deveria ter colado em Arnaldo Jabor;
2) Eduardo Suplicy é a Yoani do PT;
3) Em Pernambuco não tem só frevo;
4) E na Bahia não tem só axé.

Fonte: Leandro Fortes para a Carta Capital.

30 verdades sobre Yoani Sánchez que ela esquece de contar

      No dia 18 de fevereiro ao chegar ao Brasil, Yoani Sánchez, foi recebida no aeroporto com manifestos contra sua postura de oposição a Cuba e disse que isso não lhe afetava, pois era uma demonstração de liberdade, segundo a ela em seu blog "Houve flores, presentes e até um grupo de pessoas me insultando, o que eu gostei muito - confesso - porque me permitiu dizer que eu sonhava que algum dia em meu país o povo pudesse se expressar publicamente contra algo, sem represália"
     Hoje, 19 de fevereiro de 2013, após ser recebida com manifestos que impediram sua participação na exibição de um documentário, Yoani Sánchez disse que parecia que estes tinham sido "orientados por terroristas", as pessoas a receberam com gritos constantes, não houve agressão física apenas palavras. Yoani, cubana, é atualmente é uma das vozes mais influentes na luta contra o governo cubano e ela faz tudo embasada no discurso senso comum de que não existe democracia em Cuba.
     No discurso de Yoani ela esquece, entretanto, de mencionar algumas coisas. Por isso, decidimos lembrar nos itens abaixo quem realmente está sendo "orientado" e quem são os verdadeiros "terroristas".
 
Yoani não menciona, por exemplo:
 
1 - Que nos EUA, esta democracia que ela tanto almeja, ela receberia uma pena de 20 anos por preconizar a derrubada do governo ou ordem estabelecida, 10 anos por expor o governo com "falsas declarações" com o objetivo de atentar contra a ordem e pena de 3 anos por manter correspondência ou relações com governo estrangeiro com o interesse em interferir no status quo. Não lembrou de mencionar ela que manifestações nos EUA acabam assim:
 
2-  Que na Espanha, um país dito democrático, a pena é de 10 a 15 anos a quem promove levante que tente modificar a Constituição e pena de 4 a 8 anos para quem mantiver "relações de inteligência ou relações de qualquer gênero com governos estrangeiros afim de prejudicar a autoridade do Estado". Na Espanha  é assim que o país trata quem faz manifestações:
 
 
 
3 - Esqueceu ela que em agosto de 2002, depois de se casar com o cidadão alemão chamado Karl G., abandonou Cuba, “uma imensa prisão com muros ideológicos”, para imigrar para a Suíça, uma das nações mais ricas do mundo. Contrariamente a qualquer expectativa, em 2004, decidiu voltar a Cuba, “barco furado prestes a afundar”, onde “seres das sombras, que como vampiros se alimentam de nossa alegria humana, nos introduzem o medo através do golpe, da ameaça, da chantagem”, onde “os bolsos se esvaziavam, a frustração crescia e o medo se estabelecia”. 
 
4 - Esqueceu que, segundo os arquivos dos serviços diplomáticos cubanos de Berna, Suíça, e de serviços migratórios da ilha, ela pediu para voltar a Cuba por dificuldades econômicas com as quais se deparou na Suíça. Que se casou com Karl G. estando ainda casada com seu atual marido Reinaldo Escobar.

5 - Não lembra ou não sabe que esse “capitalismo sui generis”, que quer ver estabelecido em Cuba não existe, pois capitalismo é capitalismo, seja em Cuba ou nos EUA, ele se adapta ao meio, a única diferença é o organismo (Estado) a que esse sistema metabólico vai estar inserido. Porém, mantem-se predatório, conduz à pobreza extrema uns enquanto outros gozam de riqueza construída pela exploração do trabalhador, destrói o meio ambiente extraindo dele mais do que deve, é competitivo, instável, não é baseado na democracia com participação direta, mas sim de uma democracia ilusória que é a democracia liberal, entre muitos outros fatores.
 
6 - Não recorda que criou seu blog Geração y (Generación Y) em 2007 e já em 4 de abril de 2008 conseguiu o Prêmio de Jornalismo Ortega e Gasset, de 15 mil euros, outorgado pelo jornal espanhol El País, sendo que este prêmio é dado a jornalistas prestigiados ou a escritores de grande carreira literária. Lembrando que isso aconteceu no país "democrático" que ainda possui um rei que mandou Chávez calar a boca durante a  XVII Conferência Ibero-Americana.
 
7- Também esqueceu que foi selecionada entre cem pessoas mais influentes do mundo pela revista Time (2008). Seu blog foi incluído na lista dos 25 melhores blogs do mundo pela cadeia CNN e pela revista Time (2008), e também conquistou o prêmio espanhol Bitacoras.com, assim como The Bob’s (2008). El País lhe incluiu em sua lista das cem personalidades hispano-americanas mais influentes do ano 2008. A revista Foreign Policy ainda a incluiu entre os dez intelectuais mais importantes do ano em dezembro de 2008. A revista mexicana Gato Pardo fez o mesmo em 2008. A prestigiosa universidade norte-americana de Columbia (EUA) lhe concedeu o prêmio María Moors Cabot. Todos estes prêmios dados em um ano de trabalho e acompanhados de importantes quantias financeiras.

8 - Fala de transparência e democracia, mas não menciona em que emprega os 250 mil euros conseguidos graças a estas recompensas, um valor equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como França, quinta potencia mundial, e a 1.488 anos de salário mínimo em Cuba. E é sempre bom lembrar que na França "democrática" vai governo, vem governo, um grande número de imigrantes são expulsos e muitos destes dos mesmos países o qual tiveram muita serventia à França imperialista.
 
9 - Não menciona ela que a Sociedade Interamericana de Imprensa, que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, decidiu nomeá-la vice-presidente regional por Cuba de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação. Bem como não fala de sua remuneração no El País.

10 - Não explica se "a população cubana não tem acesso à internet", como ela faz para conectar-se.

11 - Esquece ela que seu blog usa o Paypal, sistema de pagamento online que nenhum cubano que vive em Cuba pode utilizar por conta das sanções econômicas que proíbem.

12 - Não lembra que dispõe de um Copyright para seu blog “© 2009 Generación Y - All Rights Reserved”, enquanto nenhum outro blogueiro cubano pode fazer o mesmo por causa das leis do embargo.

13 - Não menciona que seu site desdecuba.net, cujo servidor está hospedado na Alemanha pela empresa Cronos AG Regensburg, registrado sob o nome de Josef Biechele, hospeda também sites de extrema direita.
 
14 - Não fala que seu registro de domínio é feito pela norte-americana GoDady, embora isto esteja formalmente proibido pela legislação sobre as sanções econômicas.
 
15 - Não menciona em sua fala em Feira de Santana, Bahia, no dia de hoje, ao dizer que quer que as sanções a Cuba acabem para o governo parar de colocar as culpas nisso para esconder sua falta de competência, que parece que para ela as sanções já acabaram.
 
16 - Seu blog está disponível em pelo menos 18 idiomas (inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, português, russo, esloveno, polaco, chinês, japonês, lituano, checo, búlgaro, holandês, finlandês, húngaro, coreano e grego). Nenhum outro site do mundo, inclusive das mais importantes instituições internacionais, como por exemplo as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a OCDE ou a União Europeia, dispõem de tantas versões linguísticas. Nem o site do Departamento de Estado dos Estados Unidos, nem o da CIA dispõem de igual variedade.
 
17 - Não menciona que o site que hospeda seu blog dispõe de uma banda com capacidade 60 vezes superior àquela que Cuba dispõe para todos os usuários de Internet.

18 - De modo fantástico, possui mais de 400 mil seguidores em sua conta no Twitter, e apenas uma centena deles reside em Cuba, segue mais de 80 mil pessoas, mas afirma “Twitto por sms sem acesso à web”. Como isso é possível Yoani?

19 - O site www.followerwonk.com permite analisar o perfil dos seguidores de qualquer membro da rede social Twitter e revela a partir de 2010 uma impressionante atividade na conta de Yoani. A partir de junho de 2010, Yoani se inscreveu em mais de 200 contas diferentes do Twitter a cada dia, com picos que podiam alcançar 700 contas em 24 horas. Como pôde realizar tal proeza?

20 -  Não conta que cerca de seus 50 mil seguidores são na verdade contas fantasmas ou inativas.

21 - Não fala quem pagou, em 2011, quando você publicou 400 mensagens por mês, sendo que o preço de uma mensagem em Cuba é de 1,25 dólares e, portanto, ela teria gastou seis mil dólares por ano com o uso do Twitter. 
 
22 - Não explica como é possível que o presidente Obama tenha lhe concedido uma entrevista, enquanto este recebe centenas de pedidos dos mais importantes meios de comunicação do mundo sem atende-los.

23 - Não fala que entre 16 e 22 de setembro de 2010, se reuniu secretamente em seu apartamento com a subsecretaria de Estado norte-americana Bisa Williams durante sua visita a Cuba, como revelam os documentos do Wikileaks.

24 - Continua pensando que “muitos escritores latino-americanos mereciam o Prêmio Nobel de Literatura mais que Gabriel García Márquez”. Por que será que o escritor que em 1986 fundou a Escola Internacional de Cinema e Televisão, em Cuba, seu país, que apoia a carreira de jovens da  América Latina, Caribe, Ásia, África, lhe incomoda tanto? 
 
25 -  Não dá exemplos de qual era a “liberdade de imprensa plural e aberta, programas de rádio de toda tendência política” sob a ditadura de Fulgencio Batista entre 1952 e 1958.

26 - Condena a imposição de sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba e não menciona o que foi feito no país independente disso.

27 - Não toca em assuntos delicados como a base naval de Guantánamo que os Estados Unidos ocupam em Cuba.

28 - Fala em democracia, mas não menciona se é favorável à libertação dos cinco presos políticos cubanos presos nos Estados Unidos, desde 1998, por se infiltrarem em organizações terroristas do exílio cubano na Florida.

29 - Em sua opinião, é normal que os Estados Unidos financiem uma oposição interna em  Cuba para conseguir “uma mudança de regime”.
 
30 - Não explica como os EUA, um país tão democrático, nunca é submetido ao Tribunal Internacional de Haia pelos seus crimes de guerra.

É inegável o valor histórico e político que a Revolução Cubana trouxe para o país e a esquerda, entretanto acredito que muito do ideal apoiado no marxismo foi colocado de lado e a proposta se perdeu no tempo, nas contradições e na resistência externa. Independente disso é importante que todo e qualquer governo, independente de qual, tenha sua prática questionada e exposta. Porém, percebe-se que Yoani não tem como intenção denunciar desmandos de um governo, mas está bem orientada e financiada para divulgar o que é de interesse de governos como o dos Estados Unidos e Espanha, tornando a credibilidade de suas informações quase nulas.

Texto: Fabiana Mathias (educadora, negra e só não é mais a esquerda por que senão andaria em círculos)
Fontes: http://www.brasildefato.com.br/node/12009

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Mais imagens da Cúpula dos Povos

 Acima, a Marcha da Cúpula dos Povos.

O Coletivo na Cúpula dos Povos - 2012

Camaradas Karina Higa e Luam Tubino, que representavam o Coletivo na Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro, durante reunião com o camarada Rémy Querbouët, da RAGA e Les Alternatifs.

Coletivo no Protesto do Dia Internacional Contra Hidroelétricas

 
No dia 14 de março de 2012 os camaradas do Coletivo Alternativa Autogestionária no Protesto contra a Construção das Hidroelétricas.

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